Brasília e Salvador – O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, esteve na noite desta quinta-feira (7) em Salvador, na solenidade de posse da nova diretoria da Seccional baiana da Ordem, que comandará a advocacia do estado pelos próximos três anos. O vice-presidente Luiz Viana e o diretor-tesoureiro José Augusto de Noronha também estiveram na cerimônia.
Santa Cruz aproveitou seu discurso para fazer alguns esclarecimentos. “Tenho sido alvo de furiosos ataques nas redes sociais e há quem peça, inclusive, meu fim. E sabe qual ‘crime’ justificaria minha eliminação? Dizer que há no país ampla garantia para qualquer investigação, que há no país absoluta unanimidade sobre a necessidade da luta contra a impunidade, mas que o país é muito mais do que isso e que precisa, urgentemente, entre outras coisas, reencontrar a agenda do crescimento econômico que possa devolver a esperança de dias melhores ao nosso povo”, apontou.
Santa Cruz ressaltou que defende que o Estado não gera riquezas e que a estabilidade jurídica deve ser rotina dos povos que querem progredir através do trabalho, do respeito ao meio ambiente, às minorias, aos contratos, entre outras coisas. “O ataque que sofro, travestido e insuflado pela falsa motivação de uma declaração que não dei sobre o fim imediato de qualquer investigação antes que se esgote o seu objeto, com o uso danoso e cotidiano de notícias falsas, demonstra claramente a intenção de calar nossa voz através do medo”, disse.
Entretanto, ele aponta que ‘bateram na porta errada’. “Acredito que a função da Ordem nessa quadra histórica é criar no mundo do Direito, pressuposto da democracia, um ambiente capaz de produzir discussões técnicas que possam garantir o exercício livre da defesa, com a máxima liberdade de manifestação das ideias. Construir pontes onde há pessoas cavando fossos e, assim, alcançar alguma paz social. Por óbvio, quem se alimenta e vive do ódio não quer a superação do momento de conflito agudo. Não quer ouvir sobre o direito de ninguém, sobre o drama do próximo. Muitos se deixam levar pelo rancor, movidos por compreensível desesperança”, lamentou.
Por fim, Santa Cruz pediu diálogo através do Direito. “Não ocupamos a arena da política partidária e buscaremos atrair para esse debate até aqueles polarizados e cegos por ideologias, que não acreditam ser possível superar o atual momento. É uma grande tarefa que precisa de toda a advocacia do Brasil. Ou é isso ou, calados, cuidando justa e pacatamente das nossas vidas, mesmo sendo a maioria silenciosa, nos deixaremos levar pela frustração, imputando aos outros todas as nossas decepções com as graves falhas do mundo que nos cerca. Alguém acredita que o ódio constrói? Tenhamos fé na vida”, completou.
Ao elogiar o presidente eleito na OAB-BA, Fabrício Castro, Santa Cruz destacou que a Seccional está sob a liderança de alguém que construiu uma trajetória dentro da Ordem. “A Ordem é tão complexa na sua organização que exige de nós lealdade, trabalho, disciplina, saber seguir para aí sim chegar o dia em que poderemos ser seguidos. Esse é o processo de amadurecimento. Fabrício brilhou como uma liderança jovem, brilhou como vice-presidente, brilhou como conselheiro federal e chegou a hora de comandar a advocacia no seu estado”, afirmou.
O vice-presidente do Conselho Federal da OAB e ex-presidente da OAB-BA, Luiz Viana Queiroz, relembrou as lutas travadas ao lado da advocacia baiana nos últimos seis anos, quando presidiu entidade, e ressaltou o valor dos advogados e advogados para a aplicação da Justiça. “Lutamos muito. Estivemos lado a lado em muitas trincheiras olhando os poderosos como eles merecem ser olhados, olho no olho, de igual para igual, porque não há nesse país autoridade superior à advocacia. Só nós somos vocacionados à defesa das liberdades”. Ele ressaltou que Fabrício Castro tem plenas condições de enfrentar os desafios que se apresentam para a advocacia e elevar ainda mais a classe.
O novo presidente da OAB-BA, Fabrício Castro, reafirmou que a melhoria da prestação jurisdicional e o respeito às prerrogativas da classe serão a meta fundamental na sua gestão. Para isso, reiterou a disposição da Ordem em ter um diálogo construtivo, leal e franco com o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, contribuindo com um Judiciário mais eficiente e célere.
“Não há Justiça sem advogado, mas também não há Justiça sem juízes e servidores. Precisamos mudar esse quadro na Bahia, onde temos um déficit significativo de pessoal, especialmente no primeiro grau. A advocacia baiana quer um primeiro grau que funcione com a mesma eficiência do segundo” disse Fabrício.