O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, participou do Seminário Comunicação, Política e Democracia. O evento foi promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), na manhã desta terça-feira (16), e teve a participação do sociólogo espanhol Manuel Castells, uma das principais referências da era da informação e das sociedades conectadas em rede.
Na abertura do evento, Santa Cruz falou sobre a disputa de interesses que prejudica a democracia brasileira. “As redes sociais, que nasceram sob a ideia de encontro, estão se transformando num espaço de ódio e destruição de reputações. Mais grave ainda é a interferência cada dia mais clara dos interesses financeiros e da violação da nossa soberania. Seria ingênuo, talvez até infantil, imaginar que os interesses que estão transitando nessa esfera não são da agenda econômica e político-institucional”, apontou.
“É impressionante a velocidade com que se propagam as notícias e cabe, claramente, um debate de vanguarda para a construção de um marco legal que vise impedir a manipulação do processo democrático e das eleições. Temos de enfrentar isso junto ao Congresso Nacional para dar instrumentos ao Poder Judiciário de impedir um massacre de reputações”, completou Santa Cruz.
O presidente da OAB alertou também para “a recorrente tentativa de esvaziar institucionalmente o país, cenário que envolve diretamente a OAB, entidade que está sob ataque pelo fato de ser uma ponte histórica de diálogo entre diferentes”.
Manuel Castells frisou o papel de destaque da comunicação na sociedade moderna e afirmou que a disseminação cada vez mais descentralizada das informações cria um enorme desafio para as democracias. “A comunicação é um tema central em relação ao poder nos dias de hoje. A informação está cada vez mais concentrada, mas a comunicação está cada vez mais descentralizada. São processos que interagem. A comunicação se abre a todos, mas quanto mais nos comunicamos e quanto mais participamos, somos também vigiados. Nossas informações são concentradas e ‘os poderes’ nunca tiveram tanto acesso a informações nossas. Cada país deve buscar o seu entendimento de como interferir em um espaço globalizado de informação, já que não teremos um governo global”, afirmou.
Também participaram do evento o diretor da FGV, Marco Aurélio Ruediger, e a editora da Revista Piauí, Fernanda da Escóssia. O pesquisador da FGV, Vinícius Vu, atuou como moderador do debate.