DO SONHO DE CRIANÇA À CONCRETIZAÇÃO – A HISTÓRIA DE UM MÚSICO ESCREVENTE

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Fala-se muito no papel dos pais na vida da criança e acaba se esquecendo da influência de outras pessoas, como por exemplo, os tios ou um grande amor. O projeto Jus_Social deste mês contará a história do menino Darlan Ramos, que ganhou seu primeiro violão feito pelo tio materno, o engenheiro mecânico e servidor da Universidade Federal Fluminense, Cláudio de Oliveira, morador de Botafogo, no Rio de Janeiro. O garoto cresceu, se tornou músico, conheceu Érica Sabrina de Oliveira, passou a ser também escrevente técnico judiciário, casou-se e virou Darlan Ramos de Oliveira. Ele acrescentou o sobrenome da esposa que também era o da sua mãe e que ele não tinha no seu nome.
“Na época, um violão para criança era muito caro, e como minha mão não alcançava o braço do violão do meu tio, ele resolveu aprender sozinho e construir um instrumento adaptado para minha idade. Ele é minha referência, tanto musical quanto paterna. Se hoje sou servidor do Tribunal de Justiça, devo a ele também. Foi ele quem me ensinou a ser esforçado para atingir os objetivos de vida, a manter uma disciplina de estudo, o que me ajudou a passar em vestibular e em concursos públicos, especialmente o do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo”, declara o músico-escrevente.
Darlan tinha oito anos quando ganhou o pequeno, mas grande presente, e ainda deu início ao aprendizado musical com o próprio tio, que começou a ensinar escalas, arpejos, dedilhados etc. Para entender o crédito que o tio tem com Darlan, foi Cláudio quem esteve no altar com ele no lugar do seu pai. Ambos são vivos, mas o papel do tio na sua vida desde pequeno foi fundamental para sua formação, ainda mais que aos 17 anos perdeu a mãe e recorreu a ele em muitas situações.
Filho de Cristiane de Oliveira Pedreira e Darlan Ramos da Silveira, Darlan é irmão de Bruno e pai de Arthur Menezes de Oliveira, que mora com a mãe no Rio de Janeiro. Anualmente, o músico torna-se poeta e escreve poesias ao filho que retrata, de forma literária, um pouco das suas histórias durante esse tempo.
O músico nasceu e foi criado em Niterói e depois mudou para a Lapa, Rio de Janeiro. Atualmente mora na zona rural de Pinhalzinho, próximo à Atibaia.
Ingresso no TJSP – começou a fazer parte da família forense em agosto de 2014 e sente orgulho em trabalhar no Anexo Fiscal, Vara Única da Comarca de Águas de Lindóia.  A motivação para mudar de cidade e Estado se deve à esposa Érika. Ele era inspetor penitenciário em Bangu (RJ) e músico, e ela morava em Bragança Paulista. Para diminuir a distância resolveu estudar para o concurso do Tribunal de Justiça, casar e constituir uma família com ela.
Darlan concilia o trabalho no TJ com sua vida artística. Para ele, viver de música com o estilo que toca é difícil no Brasil, por essa razão mantém os pés no chão em relação ao seu trabalho como musicista e como escrevente judiciário. “Sou realizado profissionalmente em ambos. Minha música The Whale´s Crytocou na maior rádio do Rio, a 102,9 FM. Era um sonho de criança, pois aprendi a gostar de rock ouvindo essa rádio. Agora pretendo reunir músicos para dar sequência nesse projeto ‘seriado musical’: [Maria Goes Alone]. Quem sabe, com servidores do TJSP que queiram montar uma banda. Estou à disposição”, revela.
Segundo Darlan de Oliveira, a música estimula o cérebro no campo sensorial e até mesmo no intelectual. “Rousseau – que era musicista – dizia mais ou menos isso: de tanto ele inovar em teorias musicais, sentiu (aos 40 e poucos anos) que era capaz de formular questões em outras áreas do conhecimento, como Pedagogia (O Emílio), Política e Direito (Contrato Social), Sociologia (Discurso sobre as desigualdades entre os homens), Romance (Nova Heloísa), Ciências e Artes (Discurso sobre as Ciências e as Artes) etc.”
O escrevente-artista diz ainda que a parte sensorial acaba ajudando no atendimento ao público que procura seu setor. “Todo músico é um pouco sensível e empático. Além disso, a prática da composição contribui, de certa forma, para o desenvolvimento da criatividade, que pode ser usada no cartório visando à otimização da logística em prol da eficácia e celeridade processual.”
Darlan produziu ainda um ensaio sobre filosofia política baseado em Jean-Jacques Rousseau, publicado pela Editora Litteris–RJ, em 2010, chamado “Entre a Vontade Popular e a soberania dos representantes – Ensaio sobre Democracia Meritocrática”. A obra foi usada em uma monografia de pós-graduação em Gestão Pública, na Universidade Federal do Paraná, por uma escrevente do TJSP, Rosemeire Vieira Machado.
Mensagem – “Lidamos mais do que com simples processos, e sim com vidas. Muitos se esforçaram e gostariam de estar em nossos lugares. Deus nos abençoa mediante nossa fidelidade e gratidão às nossas conquistas. Acredito que honrando a prestação do nosso serviço público e valorizando as conquistas do dia a dia, servimos de fato a Deus.”
Como Darlan, outros servidores e magistrados do TJSP também têm uma história para apresentar que vai além da atividade forense. Conte a sua!

        Projeto Jus_Social – este texto faz parte do Projeto Jus_Social, implementado em março de 2011. Consiste na publicação no site do TJSP, sempre no dia 1º de cada mês, de um texto diferente do padrão técnico-jurídico-institucional. São histórias de vida, habilidades, curiosidades, exemplos de experiências que pautam as notícias publicadas sobre aqueles que, de alguma forma, realizam atividades que se destacam entre servidores ou magistrados. Pode ser no esporte, em campanhas sociais, no trabalho diário, enfim, qualquer atividade ou ação que os diferencie. Com isso, anônimos ganham vida. Com o Jus_Social, o Tribunal de Justiça de São Paulo ganhou o X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2012 (categoria Endomarketing).