Os temas igualdade para todas e entre todas, o papel do homem na promoção da igualdade de gênero, corpo e saúde e mulher no Direito de Família e no esporte reuniram centenas de participantes nos painéis promovidos, no período da tarde, no último dia (6) da III Conferência Nacional da Mulher Advogada, realizada em Fortaleza.
Painel 11 – O painel “Igualdade para todas e entre todas” destacou temas da diversidade feminina, do feminismo negro, tratou sobre o retrocesso da política para os povos indígenas, transexualidade, identidades e acessibilidade, com exposições feitas por um advogado trans, representantes do movimento indígena, do movimento de juristas negras e de uma advogada deficiente visual.
A presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-SP, Cláudia Luna, destacou a importância de promover e garantir ambientes com diversidade nas empresas, na sociedade, nas entidades e também no sistema da Ordem. Ela defendeu ainda a necessidade de um censo da advocacia, que traga dados entender quem são as advogadas e os advogados que compõem os quadros da entidade, para ajudar a construir um sistema com uma maior diversidade.
“É importante entender que a diversidade da nossa sociedade precisa estar representada dentro da nossa entidade. Até as empresas e o mundo corporativo já está se rendendo, percebendo a importância da inclusão e da diversidade em seus quadros. A nossa entidade precisa entender e também seguir essa mesma lógica de inclusão e diversidade. É por isso que somos diversas, somos mulheres, somos advogadas”, defendeu Cláudia Luna.
Painel 12 – Para falar sobre o lugar da mulher na família, a vice-presidente da OAB Ceará, Vládia Feitosa, fez um histórico sobre a formação da família patriarcal no Brasil e o papel da mulher nesse contexto, com as mudanças mais significativas que ocorreram a partir da Constituição Federal de 1988. Ela ressaltou que atualmente temos uma estrutura plural, democrática, socioafetiva, cultural, hetero ou homoparental e que novas mudanças na jurisprudência se avizinham.
“Mudanças precisam ocorrer no direito de família, mas acredito que para além dessas mudanças no campo jurídico, a verdadeira redefinição do papel da mulher na família só poderá ocorrer efetivamente se houver redefinição da carga de trabalho do homem e da mulher, por meio de uma mudança cultural que está nas nossas mãos”, destacou.
Painel 13 – O painel debateu questões referentes à saúde física e mental das advogadas com palestras sobre estresse, carga mental e depressão, vigorexia, câncer de mama e combate à violência obstétrica. A conselheira do Conselho Nacional do Ministério Público, Sandra Krieger, relembrou a mobilização realizada em defesa da saúde mental das advogadas e a edição de uma cartilha para tratar do assunto com informações sobre como abordar o tema.
“Nosso nível de estresse chega às vezes a tal ponto que perdemos até mesmo o raciocínio. Uma das piores situações ocorre quando somos interrompidas por homens, como num episódio que houve comigo. Precisamos ter uma postura de não se estressar quando os homens nos desestabilizam. Além disso, como diz o tema da conferência, é preciso sororidade, o apoio de uma outra mulher quando essas situações ocorrerem”, disse Sandra Krieger.
Painel 14 – No debate sobre o papel do homem na promoção da igualdade de gênero, o presidente da OAB da Paraíba, Paulo Maia, defendeu a perspectiva do feminismo de equidade e não de gênero. “Da equidade pressupõe a eliminação de preconceitos e de exclusões, estabelecendo o respeito e a paridade de condições. E nesse patamar há uma participação masculina na construção dos espaços de inclusão da mulher e de respeito à dignidade da mulher. Como a vida em sociedade pressupõe harmonia e equilíbrio entre todas as pessoas, partindo do gênero masculino e feminino, a minha perspectiva é, tomando por base o feminismo de equidade, fazer um contraponto ao feminismo de gênero”.
Paulo Maia destacou ainda que o homem é coadjuvante e também deve ser agente de construção dos espaços de igualdade. “Até mesmo pelo papel do homem na construção de uma nova masculinidade, abandonando os padrões culturais antigos de homem que não faz determinada coisas para ser um companheiro solidário que esteja ao lado da mulher ajudando-a e sendo, junto com ela, formador de uma sociedade diferente, mas em unidade”.
No talk show sobre a mulher no esporte, a auditora do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Arlete Mesquita, fez um paralelo entre o futebol masculino e feminino. “O futebol masculino já é uma realidade latente, não só no nosso país como mundialmente. O futebol feminino vem numa crescente. Para que a gente tenha o futebol feminino no mesmo patamar do masculino, nós precisamos ter duas coisas: investimento e planejamento. Se os clubes tiverem essas duas preocupações, tenho certeza de que o futebol feminino estará no mesmo patamar ou melhor que o futebol masculino”, disse Arlete Mesquita.