Em época de crise hídrica e destruição da natureza, contribuir para formar cidadãos de bem, éticos e morais e amantes da natureza é tarefa de suma importância para a continuidade de sobrevivência de seres humanos e animais, além da garantia de qualidade de vida às próximas gerações. O funcionário Ricardo Martins Takaki (Ricardinho), lotado no Cerimonial do Tribunal de Justiça de São Paulo, é um formador que se preocupa com o futuro da meninada e do mundo. Ele dedica horas da sua folga para coordenar a Regional de Desbravadores da Associação Paulista Leste (1ª Região), composto por 27 clubes com aproximadamente 900 crianças e adolescentes, meninos e meninas dos 10 aos 15 anos. Ricardo é o entrevistado deste mês do Projeto Jus_Social.
Os desbravadores têm como objetivo trabalhar em equipe e ser úteis para a comunidade. Eles prestam socorros em desastres naturais, participam ativamente de campanhas comunitárias e de ajuda aos carentes. Visitam hospitais, abrigos, orfanatos e asilos. Os integrantes do grupo se reúnem aos domingos para desenvolver atividades que contribuem para prepará-los a enfrentar a vida, servir à comunidade e preservar a natureza. Para isso, são executadas ações ao ar livre como acampamentos, caminhadas e escaladas. Aprende-se a cozinhar em meio à natureza e fazer fogo sem fósforo ou isqueiro. As atividades são compostas, ainda, de esportes, competições, construção de cadeiras e mesas com amarração e o aprendizado de vários tipos de nós. Há mais de 400 especialidades para serem desenvolvidas com os integrantes.
Em 1990, Ricardo iniciou sua vida forense como menor colaborador no Departamento Pessoal do TJSP. Filho de Dirce Martins Takaki (também funcionária do TJSP) e Roberto Takaki, Ricardo é casado com Vergínia Mariano Takaki e pai de três filhos: Rafael Takaki (16), Renata Takaki (14) e Vitor Takaki (4). A família inteira participa de acampamentos e expedições, mas é o caçulinha que se esbalda nas aventuras em sua cadeirinha-mochila em que o pai o carrega orgulhoso. Nas veias do garoto já corre o sangue de desbravador, pois ele veda os olhos do pai e diz que o guiará, mandando-o ir para esquerda ou direita, pular pedras e seguir o caminho que acredita esteja correto.
Desbravadores – Seguidor de uma religião evangélica, foi na escola que Ricardo conheceu um grupo que fazia as atividades semelhantes a dos escoteiros e achou tudo muito estranho. Não gostava do uniforme e dizia que jamais entraria naquela turma. Entretanto, seu caminho estava traçado e aos 17 anos, convidado por um amigo sergipano, participou, com toda a família, de um Campori (encontro dos desbravadores). O encontro aconteceu em Aracaju na missão Sergipe-Alagoas com cerca de quatro mil pessoas. Ricardo observou a alegria contagiante da galera, todos felizes, cantando e marchando ou competindo. “Fui contaminado pelo vírus desbravadorino!”, brinca. Desde então iniciou seu trabalho com os desbravadores e começou a ajudar o Clube de Desbravadores, passou a conselheiro de unidades e prosseguiu como diretor associado, diretor do clube por de três anos. Acabou se afastando para cuidar dos filhos e anos depois, ao retornar, assumiu o cargo de distrital de desbravadores da Associação Paulistana e também da Associação Paulistana Leste, onde atualmente exerce o cargo. Para ter conhecimentos que contribuíssem com a criançada, Takaki buscou aperfeiçoamento para se tornar mais útil nas atividades. Fez cursos de técnico em enfermagem, bombeiro civil e é mestre em resgate. Chegou a ser professor de mergulho recreativo nos fins de semana. “A capacitação serve para ajudar a resolver os problemas. A segurança dos desbravadores tem que ser perfeita.”
Depois que se contaminou pelo “vírus desbravadorino”, passou a amar o uniforme e o lenço amarelo que diferencia o clube dos desbravadores dos demais grupos existentes. “A roupa pode mudar de acordo com faixa etária, mas o lenço não.” Os desbravadores estão espalhados em mais de 140 países, com aproximadamente 90 mil clubes e quase dois milhões de participantes. No Estado de São Paulo são cerca de 30 mil desbravadores e cada igreja da congregação tem um clube, cada clube é composto por algumas unidades e cada unidade é formada por, no máximo, oito desbravadores (homens e mulheres) e dois conselheiros (um maior de idade), ambos ajudam nas funções dentro do clube e cuidam da meninada.
São inúmeros encontros realizados, há dois anos promoveram o Campori Sulamericano em Barretos, no Parque dos Peões. Vieram pessoas da América Latina totalizando 30 mil acampados, cada um com sua cozinha e barracas, mas com efetiva interação entre todos. De acordo com Takaki, há a preocupação de trabalhar com os desbravadores nos três pilares da construção do caráter de uma criança: desenvolvimento físico, mental e espiritual. No físico, a prática de esportes, competições, acampamentos e outras atividades. No mental, busca-se lidar com o raciocínio lógico, habilidades matemáticas, noções de conhecimentos de todas as áreas, um pouco de tudo, como por exemplo, na área da saúde, em que um profissional na área de enfermagem, médica ou por bombeiros ensina noções básicas de primeiro socorros, resgate básico, reanimação cardiorrespiratória, dentre outras. “No tripé espiritual, não é dado doutrina, falam sobre o amor de Deus de um modo geral e passam mensagens bíblicas, sem muito aprofundamento tendo em vista que o grupo é formado não somente por seguidores da congregação, mas por toda a comunidade de diferentes classes sociais, raça e crença”, observa Takaki.
Mensagem – Ricardo Takaki elenca palavras bíblicas relacionadas à atividade exercida: “Em tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens” (Colossenses 3:23). “Precisamos dar atenção as nossas crianças, se quisermos um futuro melhor precisamos fazer a diferença nas vidas destes adolescentes e jovens.”
Comunicação Social TJSP – LV (texto) / Arquivo pessoal (fotos)